A luz
A luz emana do meio-dia-meia-noite do Gólgota, e cada erva do campo germina suavemente sob a sombra da que fora a árvore maldita. Naquele lugar de sede, a graça cavou uma fonte que jorra sempre água pura como cristal, cada gota capaz de aliviar os ais do gênero humano. Você que tem tido seus momentos de conflito, confesse que não foi no monte das Oliveiras que encontrou conforto, nem no monte Sinai, nem no Tabor, mas que o Getsêmani, Gábata* e Gólgota têm sido um meio de conforto para você. As ervas amargas do Getsêmani têm muitas vezes afastado o amargor de sua vida; as chibatadas do Gábata têm muitas vezes expulsado a chicotadas suas inquietações, e os gemidos do Calvário proporcionam-nos um conforto raro e rico. Nunca teríamos conhecido o amor de Cristo em todas as suas alturas e profundidades, se Ele não tivesse morrido; nem poderíamos supor a profunda afeição do Pai, se Ele não nos tivesse dado seu Filho para morrer. As misericórdias comuns que desfrutamos, todas cantam o amor, exatamente como a concha do mar, quando a levamos aos nossos ouvidos, sussurra os sons do mar profundo de onde ela veio; porém, se desejamos ouvir o próprio oceano, não devemos olhar para as bênçãos de cada dia, mas para as alianças da crucificação. Aquele que quer conhecer o amor, que se volte para o Calvário e veja o Varão de dores morrer.
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