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sábado, 23 de junho de 2007

O SEGREDO DA CONFIANÇA

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Esse é um pensamento que ecoa por toda a Bíblia (Salmo 111.10; Provérbios 9:10; etc.).
Nas Escrituras, a inteligência é vista como uma mostra de bom senso e santidade, não como o resultado de um teste de QI. Ela é uma qualidade moral. Ser sábio significa enxergar a vida através dos olhos de Deus. Dessa mistura de humildade e confiança advém um conhecimento que não pode ser obtido de outra forma.
Associar o saber à piedade foi uma contribuição original dos judeus para a filosofia. Os povos antigos não tinham nada parecido. Para os israelitas, a verdadeira sabedoria dependia mais da fidelidade do que da introspecção. Eles defendiam a idéia de que todo conhecimento decorria de um relacionamento íntimo com o Criador. As pessoas se tornariam sábias à medida que alcançassem o discernimento de Deus. Essa sabedoria não lhes proporcionaria apenas respostas inspiradas. Colocaria nas suas mãos a chave para uma existência feliz.
Tudo isso o autor do livro de Jó resume no capítulo 28. Ao afirmar essas verdades, ele está oferecendo uma pista aos investigadores. Adianta um tema que será examinado, em profundidade, nos capítulos 38 a 41. O escritor aponta uma direção tanto para os personagens quanto para os leitores do livro. Dá-lhes uma dica sobre onde poderão achar a solução para o enigma da dor. Agora começamos a conceber um final para a história. A resposta para as perguntas que atormentam Jó só poderá ser encontrada no coração de Deus.
O livro de Jó contrapõe, de maneira brilhante, a limitação humana à sabedoria divina. Assim, coloca-nos diante do desafio extremo de confiar. Se a inteligência e a bondade de Deus excedem nosso entendimento, isso significa que ocorrerão fatos que seremos incapazes de compreender. Por outro lado, o Senhor sempre reverterá esses fatos em nosso benefício. Todas as coisas – e não apenas as boas- cooperam para o bem dos que amam a Deus (Romanos 8:28).
Confiar significa abrir mão dos “porquês”. Entretanto, isso tem de ser feito pelos motivos certos, tanto o covarde quanto o santo renunciam aos seus questionamentos. Mas as razões que os levam a isso são diferentes.
Existem pessoas que não questionam a Deus porque não têm coragem. Esse era o caso dos amigos de Jó. Eles preferiam acomodar-se às respostas superficiais e à resignação. Na sua opinião, fazer perguntas era algo perigoso. Além de intensificar o sofrimento, as indagações poderiam atrair algum castigo então, achavam melhor nem pensar no assunto.
Contudo, existem pessoas que não questionam a Deus porque não necessidade. Em meio às suas lutas, elas descobriram que o Senhor é bom. Sua investigação sincera levou-as a encontrar um Deus amoroso em meio às adversidades tal conhecimento do caráter divino possibilita-lhes enxergar aquilo que é invisível para os demais. Jó estava a caminho de tornar-se uma dessas pessoas.
HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA ENTRE CONFIANÇA E RESIGNAÇÃO. Qualquer um pode resignar-se, mas só aqueles que são íntimos do Criador ousam confiar. Confiança demanda conhecimento. Dar o passo da fé, descansando na sabedoria do Senhor, é uma grande aventura. Quanto mais clara é a visão que temos de Deus, mais fácil é para nós confiarmos Nele.ao mesmo tempo, são as dificuldades que atravessamos juntos que nos levam a enxergá-Lo melhor. De certa forma, esse é um favor que o sofrimento nos presta. Isso só é possível graças à capacidade divina de extrair o bem do mal (Gênesis 50:20). Não foi Deus quem inventou o sofrimento. Mas foi Ele, certamente, que descobriu como usá-lo.

Certa ocasião, um menino entrou numa loja acompanhado de seu pai, logo sua atenção foi atraída para uma porção de balas sortidas, colocadas dentro de um cesto, em cima do balcão. O vendedor reparou na forma como o garoto olhava para as balas. Com um sorriso no rosto, ele lhe disse que apanhasse algumas delas. Mas o menino não se moveu. Continuou a olhar para os doces, com ar de timidez. O vendedor insistiu:
-Vamos, pegue algumas balas para você.
No entanto, o garoto permaneceu quieto. Ao ver o que estava acontecendo, o pai interviu:
-Tudo bem, filho. O moço está dando para você. Pode pegar as balas.
Então, o jovenzinho finalmente falou. Ele se voltou para o pai, e disse:
-Não, pai...a mão dele é maior que a minha!
O entendimento de que as mãos (e o coração) de Deus são maiores do que os nossos constitui-se no segredo da verdadeira confiança. Ele nos faz acreditar que tudo o que o Senhor nos der será mais (e melhor) do que aquilo que poderíamos arrancar com nossas próprias mãos. Esse conhecimento, muitas vezes, é alcançado em meio a tribulações. Mas obtê-lo é sempre compensador. Ele nos faz crescer através das crises. Faz-nos orar como Jesus, pedindo que seja feita a vontade do Pai. E nos faz crer que isso será, obrigatoriamente, o melhor.

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