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domingo, 22 de julho de 2007

Morrendo por todos traidores

Na infância, vi pessoas fazendo bonecos de Judas e espancando-o. Aos olhos dessas pessoas que se diziam cristãs, Judas deveria ser espancado e ferido; mas aos olhos de Jesus, Judas deveria ser acolhido e amparado.
O significado da morte de Jesus perturba a ciência, é envolto num manto de mistérios. Segundo o próprio Jesus, ele estava cumprindo diante de Deus todos os códigos jurídicos e éticos em favor de todos os homens. Os homens poderiam ter dívidas com a sociedade, poderiam estar sujeitos a processos e penas, mas se aceitassem seu sacrifício, não teriam mais dívidas com Deus. Ele morreu por todos os que falham, erram, negam, traem.
Todos nós temos um pouco de Judas em nosso currículo. Quem não é traidor? Você pode não ter traído alguém, mas dificilmente não traiu a sí mesmo. Quantas vezes você disse que seria uma pessoa paciente, mas uma pequena ofensa ou contrariedade bloqueou sua inteligência e lvou-o á ira? Você traiu a sua intenção. Quantas vezes, depois de um ataque de raiva, você prometeu que se controlaria, mas por fim acabou ferindo as pessoas que você mais ama? Você traiu a sua promessa.
Quantas vezes você disse que não levaria seus problemas para a cama, mas por fim se tornou uma praça de guerra? Você traiu o seu sono. Quantas vezes você prometeu que sorriria mais, seria mais bem humorado, leve e livre, mas suas promessas não duraram até o calor dos problemas da segunda-feira? Você traiu sua qualidade de vida. Eu já me traí muitas vezes. È fácil sermos carrascos de nós mesmos.
Tivemos tantos sonhos, mas quantos foram abandonados! Traímos nossos sonhos de infância e juventude. Prometemos lutar por nossos ideais, dar um sentido nobre á nossa vida, dar valor ás coisas que realmente tem valor, mas por fim gastamos uma energia descomunal com coisas banais. Raramente fazemos coisas fora da nossa agenda para nos dar prazer, relaxar e encantar. Sofremos por problemas que não aconteceram, nos preocupamos demais com as críticas dos outros, fazemos um cavalo de batalha por coisas tolas. Somos todos traidores. O mestre da vida estava morrendo por todos nós.
Quantas vezes julgamos nossos filhos, amigos, colegas de trabalho, sem perceber que o que eles estão nos dando é o máximo que conseguem naquele momento? Quantas vezes não conseguimos decifrar que as pessoas estão pedindo ajuda e compreensão nos seus comportamentos grotescos, e não compreendemos, as vezes até revidamos da mesma forma. Á poucos dias aconteceu isso comigo, tenho lidado com tanta gente ferida, magoada, e na maioria são feridas desnessessárias, as quais elas mesmas abrem com uma facilidade, e com suas pitadas de exagero, vendo coisas que não existem, ou na proporção maior do realmente são, adquirindo assim os desturbios comportamentais, dificultando seu relacionamento interpessoal. Tanto vejo esse comportamento na classe menos privilegiada e com a mesma proporção nos homens e mulheres formados, mestrados, mas de um comportamento tão infantil e tão prejudicial não somente a sí , mas aos que estão ao seu redor, ao mundo.
Quantas vezes não cobramos das pessoas o que elas não podem dar! Somos punitivos e autopunitivos.Não temos compaixão dos outros e nem de nós mesmos.
Quantas vezes traímos Deus? Nós não o vemos, não o tocamos fisicamente. É muito fácil traí-lo. Uns trocam Deus por uma grande soma de dinheiro, outros por uma quantia menor do que a de Judas. Uns viram as costas para Ele quando atingem o sucesso, outros o consideram uma miragem quando fracassam, ou o culpam pelo o que Ele nunca fez.
Quantas vezes levamos a semente de Jesus, suas caríssimas palavras, e quantos não valorizam a tem por um preço menor do que uma mercadoria de feira.? A semente do amor, da tolerância, do perdão, o acolhimento, o afeto, a compreensão, a capacidade de se doar sem esperar a contrapartida do retorno, a capacidade de pensar antes de reagir são sementes universais, representam o ápice das aspirações humanas. Elas estão no topo das aspirações dos pajés das tribos indígenas, dos ensinamentos de Confúcio, dos pensamentos de Buda e das melhores idéias dos filósofos.
Jesus sintetizou os desejos de todos os povos de todas as eras, mas muitas vezes desprezamos suas biografias como Judas as desprezou. Não analizamos suas palavras com a profundidade que elas merecem.
Todos sabem que um dia morrerão, que a vida é efêmera. Num instante somos meninos; noutro, idosos. Mas vivemos como se fôssemos mortais. Adiamos a busca da sabedoria.
E não perguntamos, de uma maneira que realmente precisamos saber: “Deus quem é você? Você é real?”. Nós nos preocupamos em tomar o melhor antibiótico quando estamos doentes, em procurar o melhor mecânico para consertar o motor do carro e em verificar detalhadamente o saldo da conta bancária, mas não nos preocupamos em desenvolver nossa inteligência espiritual, em buscar Deus de maneira inteligente.
A maioria de nós estava, de alguma forma, sendo representado por Judas. Jesus estava morrendo por todos os que mancharam a sua história, por algum tipo de traição. Judas o estava traindo e Jesus o estava perdoando. Mas um grande problema surgiu. O problema era se Judas seria capaz de se perdoar. ( A.C.)

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